6 de fevereiro de 2010

UM CONTO

Em uma noite da cidade tranquila uma senhora se aproxima da casa habitada pela vovó e sua neta. Enquanto vovó colocava o lixo na lixeira a rústica senhora o revirava, procurando restos de comida. Era uma mendiga à procura de alimento.
A vovó se compadeceu daquela alma e lhe convidou para entrar enquanto preparava um prato de comida. Enquanto a bondosa vovó prepara o alimento, a velha não se contém, mexe em tudo, revira bolsas e apalpa todos os objetos metálicos e que refletem alguma luz.
A jovem que estava em casa ouviu um barulho que não era comum e foi ver o que estava acontecendo, quando se deparou com a senhora de aparência suspeita revirando a casa, achou que fosse um assalto.
Depois de vovó explicar que era uma velha mendiga, a jovem falou em alto e bom tom:
- Senhora, sente-se. Não mecha em nada. Espere quieta a sua refeição.

A senhora sentou-se, mas sua inquietude não lhe permitiu ficar parada por muito tempo, logo recomeçou sua ‘investigação’. A jovem ficou de olhos abertos, achando que a qualquer momento a velha (que não caminhava muito bem) fosse sair correndo com algum pertence da família...


Depois da refeição a senhora revelou a vovó que amava desenhar.
Enquanto lia um livro no sofá, a jovem murmura baixinho: ‘E eu com isso? aff’

Então, num impulso a velha levanta com certa dificuldade e vai em direção a vovó, toca em seu rosto, contornando cada marca de expressão de sua face, exatamente como fazia apalpando os objetos da casa.
No susto, a jovem fecha o livro e observa congelada aquela cena... Mais uma vez a jovem se sentia insegura com a presença daquela entranha senhora, que agora estava com os dedos no rosto de sua avó!
Vovó estava tranquila e serena, parece que ela já sabia o que iria acontecer. Talvez seus anos de experiência tenham lhe ensinado alguma coisa...
Depois de analisar vovó a senhora saca de lápis e algumas folhas de uma pasta preta e antiga. Acidentalmente, algumas folhas caem de sua pasta e se espalham pelo chão, a jovem se aproxima, para descobrir o que aquela criatura escondia.
Desenhos, lindas obras de arte, belos figuras de objetos de metal e alguns desenhos retratando rostos de pessoas. A moça perguntou:
-Senhora, vejo que és artista! Gostei de seus desenhos, mas porque a maioria deles são retratos de objetos?

E ela respondeu:
-Sou quase cega, querida. Só enxergo o que reflete luz, por isso tudo que brilha eu toco e sinto através do tato suas formas, então posso colocar minha arte no papel.

A jovem, sensibilizada com o dom da senhora, refletiu por instantes fez outra pergunta:
-Mas então, como a senhora desenha o rosto das pessoas?

Enquanto finalizava o desenho de vovó, concentrada em seu trabalho a senhora responde:

- Jovem, existem pessoas que brilham mais do que jóias preciosas. Refletem o brilho de algo maior que o sol. Essas pessoas eu consigo ver, tocar e desenha-las. Mas são raras pessoas.
A moça entendeu que a bondade e a generosidade de vovó a faziam brilhar e que o brilho maior que o Sol, só poderia ser Deus refletido nessas pessoas.
Quando a senhora terminou seu desenho a jovem lhe convidou para ficar e conversar mais um pouco, que ela prepararia um refresco. A jovem passou a admirar muito a artista e oferece sua casa para pouso. Naquela noite a jovem e a senhora conversaram muito e pela manhã a jovem acordou e se perguntou:
-Meu Deus, será que isso foi um sonho?
Olhou em todos os cantinhos da casa, mas a senhora já havia ido embora, então uma voz como águas volumosas lhe fala à mente:

Estive em sua casa,Eu tive fome e ceei com vocês
Eu tive sede e me preparou um refresco
O brilho que existe em vovó também existe em você,
Por muito tempo esteve escondido mas agora aprendestes a lição,
Que o brilho verdadeiro que existe vem de um simples e iluminado coração.

Te amo Filha, Eu sou O Artista que desenhou todos os traços desta criação.
Fiz brotar este sonho, durante teu sono, pra ficar em tua imaginação...
O quanto podes iluminar o mundo se tiveres apenas um simples coração.

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Auto-Estima

"Se um dia alguém fizer com que se quebre a visão bonita que você tem de si, com muita paciência e amor reconstrua-a. Assim como o artesão recupera a sua peça mais valiosa que caiu no chão, sem duvidar de que aquela é a tarefa mais importante, você é a sua criação mais valiosa. Não olhe para trás. Não olhe para os lados. Olhe somente para dentro e faça dali o seu lugar de descanso, conforto e recomposição. Crie este universo agradável para si. O mundo agradecerá o seu trabalho"
Brahma Kumaris

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