29 de dezembro de 2014

Por Martha Medeiros

A TRISTEZA PERMITIDA

Se eu disser pra você que hoje acordei triste, que foi difícil sair da cama, mesmo sabendo que o sol estava se exibindo lá fora e o céu convidava para a farra de viver, mesmo sabendo que havia muitas providências a tomar, acordei triste e tive preguiça de cumprir os rituais que faço sem nem prestar atenção no que estou sentindo, como tomar banho, colocar uma roupa, ir pro computador, sair pra compras e reuniões – se eu disser que foi assim, o que você me diz? Se eu lhe disser que hoje não foi um dia como os outros, que não encontrei energia nem pra sentir culpa pela minha letargia, que hoje levantei devagar e tarde e que não tive vontade de nada, você vai reagir como? Você vai dizer “te anima” e me recomendar um antidepressivo, ou vai dizer que tem gente vivendo coisas muito mais graves do que eu (mesmo desconhecendo a razão da minha tristeza), vai dizer pra eu colocar uma roupa leve, ouvir uma música revigorante e voltar a ser aquela que sempre fui, velha de guerra. Você vai fazer isso porque gosta de mim, mas também porque é mais um que não tolera a tristeza: nem a minha, nem a sua, nem a de ninguém. Tristeza é considerada uma anomalia do humor, uma doença contagiosa, que é melhor eliminar desde o primeiro sintoma. Não sorriu hoje? Medicamento. Sentiu uma vontade de chorar à toa? Gravíssimo, telefone já para o seu psiquiatra. A verdade é que eu não acordei triste hoje, nem mesmo com uma suave melancolia, está tudo normal. Mas quando fico triste, também está tudo normal. Porque ficar triste é comum, é um sentimento tão legítimo quanto a alegria, é um registro de nossa sensibilidade, que ora gargalha em grupo, ora busca o silêncio e a solidão. Estar triste não é estar deprimido. Depressão é coisa muito séria, contínua e complexa. Estar triste é estar atento a si próprio, é estar desapontado com alguém, com vários ou consigo mesmo, é estar um pouco cansado de certas repetições, é descobrir-se frágil num dia qualquer, sem uma razão aparente – as razões têm essa mania de serem discretas. “Eu não sei o que meu corpo abriga/ nestas noites quentes de verão/ e não me importa que mil raios partam/ qualquer sentido vago da razão/ eu ando tão down…” Lembra da música? Cazuza ainda dizia, lá no meio dos versos, que pega mal sofrer. Pois é, pega mal. Melhor sair pra balada, melhor forçar um sorriso, melhor dizer que está tudo bem, melhor desamarrar a cara. “Não quero te ver triste assim”, sussurrava Roberto Carlos em meio a outra música. Todos cantam a tristeza, mas poucos a enfrentam de fato. Os esforços não são para compreendê-la, e sim para disfarçá-la, sufocá-la, ela que, humilde, só quer usufruir do seu direito de existir, de assegurar seu espaço nesta sociedade que exalta apenas o oba-oba e a verborragia, e que desconfia de quem está calado demais. Claro que é melhor ser alegre que ser triste (agora é Vinícius), mas melhor mesmo é ninguém privar você de sentir o que for. Em tempo: na maioria das vezes, é a gente mesmo que não se permite estar alguns degraus abaixo da euforia. Tem dias que não estamos pra samba, pra rock, pra hip-hop, e nem pra isso devemos buscar pílulas mágicas para camuflar nossa introspecção, nem aceitar convites para festas em que nada temos para brindar. Que nos deixem quietos, que quietude é armazenamento de força e sabedoria, daqui a pouco a gente volta, a gente sempre volta, anunciando o fim de mais uma dor – até que venha a próxima, normais que somos.

24 de dezembro de 2014

Então é Natal... E você ainda está com medo do amor?

Por medo de amar e pelo receio dos possíveis "danos" que o amor pode causar nós perdemos um tempo precioso. Fazer com que o outro se sinta especial não é uma tarefa fácil, exige tempo e energia, coincidentemente, o medo também faz as mesmas exigências. E aí, como escolher entre o morrer de medo de amar e o amar até morrer?

O medo é uma defesa do ser humano, mas constantemente nos faz tropeçar no aspecto emocional, ainda mais nos tempos modernos, de liquidez. Atualmente nos deparamos com situações em que o ter é bem mais que o ser e o sentir é aniquilado por imposições de um mundo apressado por um tempo diferente do biológico, natural é a insegurança diante de tanto descompromisso com o SER.

Corremos pra escola, pra faculdade, para especializações, queremos o ápice do topo que está localizado em algum lugar acima daquilo que idealizamos e como alcançar isso em apenas 24h diárias, com a estimativa de vida que temos? Correndo, oras!

Talvez, de alguma forma, não estejamos correndo por melhores condições, pelo sucesso profissional ou para alcançar a estabilidade financeira, talvez estejamos fugindo de algo... (Agora vocês me apedrejam, rs).Continuando, sabemos lidar com questões complexas, mas temos dificuldades para ouvir e compreender o outro. E pior, tantas vezes não sabemos nem o que a nossa própria lágrima deseja.

A ciência tem se multiplicado, grandes feitos e descobertas magníficas temos contemplado, por outro ângulo, os índices de doenças psicossomáticas e transtornos de ansiedade crescem significativamente. Tem alguma coisa errada ai? Concordo que seja mais fácil saber o que acontece em Marte do que decifrar o que um coração tem a dizer, entretanto, nesta Véspera de Natal, lembrei de Cristo e da sua entrega ao amor.

Ele não gastou tempo nem energia achando que poderia ser rejeitado por suas ideias, mal interpretado por se sentir filho de Deus ou ignorado em suas ações e discursos. Cristo também não fugiu das responsabilidades sociais, do trabalho e de socorrer os amigos. Todavia, também não deixou de ser autêntico e de doar deliberadamente todo o amor que possuía. Considerado por Jung, um homem que muito se aproximou do próprio “Eu”, atingindo assim a individuação, Jesus chegou ao patamar almejado por muitos, que é o da auto-realização, aquele trampolim para o auge da felicidade, conhece? 

Como Jesus conseguiu a façanha? Simplesmente usou uma das melhores técnicas de auto-conhecimento existentes: O Amor! E foi por meio dessa mensagem de amor que muitos hoje param para refletir sobre os seus valores e  reveem seus conceitos pessoais. Jesus Cristo teve a coragem de amar, agiu com coração,  acreditou num sentimento e lutou por ele. Na minha humilde opinião, o exemplo de tomar decisões considerando as emoções do próximo foi o maior legado que Cristo poderia ter nos deixado. O amor  que é altruísta, o amor puro e sincero, o amor que transforma e que é capaz de tornar qualquer pessoa, uma lenda viva e real na vida de alguém. 

Que o amor, despretensioso, sem medos e sem medidas nos inunde não apenas neste dia, mas que ele se multiplique em nossas vidas. Um feliz Natal e um, emocionalmente, PRÓSPERO ANO NOVO a nós todos.




5 de dezembro de 2014

Sobre a Humildade...

A singeleza me fascina. Nada é tão bonito quanto uma pessoa sinceramente humilde e despretensiosa. A simpleza não compete, mas sempre me ganha. Mil vezes a espontaneidade de quem é sincero, do que a astúcia do soberbo. A humildade não está associada a questões monetárias, ela é um traço nobre da personalidade humana, traço cada vez mais raro. Percebo no humilde incalculável valor. Quem me dera alcançar um dia tal virtude, o fato de querer ser, não me torna, vou abaixar a minha crista e aprender com os mansos de coração. Meus ídolos são exemplos de humildade. 

Acolhimento

As pessoas geralmente doam as sobras, algumas especiais dão o que possuem, mas apenas as pessoas extraordinárias conseguem dar o que lhes faltou. Em parte, evoluir é isso, preencher o vazio com algo maior do que a falta, como numa reforma, decorar os espaços tornando o ambiente bonito e funcional. A ajuda nesse processo vem de gente capacitada, pessoas acolhedoras. Portanto, busque a companhia de quem não tem medo de lágrimas e jamais espere ser acolhido por quem não tem colo.

Perfeitamente Perdida

Bendita seja a imperfeição honesta, que nos ejeta do avião da soberba. Louvada seja a intuição que nos faz cair na estrada, mesmo que nela existam trechos ruins. Bem-aventurada a hiper-sensibilidade que exige o treino constante das nossas emoções. Prefiro ser imperfeita e humana no caminho que eu escolhi, do que estar perfeitamente perdida, numa estrada que não é a minha.

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Auto-Estima

"Se um dia alguém fizer com que se quebre a visão bonita que você tem de si, com muita paciência e amor reconstrua-a. Assim como o artesão recupera a sua peça mais valiosa que caiu no chão, sem duvidar de que aquela é a tarefa mais importante, você é a sua criação mais valiosa. Não olhe para trás. Não olhe para os lados. Olhe somente para dentro e faça dali o seu lugar de descanso, conforto e recomposição. Crie este universo agradável para si. O mundo agradecerá o seu trabalho"
Brahma Kumaris

Alguém - Carina Lila

O Teu Amor - Dan Santos e Carina Lila